Ter filhos hoje está apavorando muita gente. O problema vai desde a gravidez até o longo processo educativo. Por causa das dificuldades surgem até aqueles que preferem ter animais de estimação aos possíveis filhos.
De fato ter filhos apenas por ter não é um bom caminho. Filhos nascem como fruto do amor e da responsabilidade dos pais. Quem não tem capacidade é melhor não tê-los.
Um erro comum nos pais modernos é querer dar tudo o que o filho quer. Desde pequenino é rodeado de um mundo gracioso de presentes e quando maiores, continuam sendo comprado por meio de novos presentes. Os pais ignoram que esse é o pior caminho para educar alguém.
Esses filhos crescem egoístas, achando-se o centro de tudo, e vão escravizar os pais para o resto da vida. Serão pessoas que não vão perceber nada além de seu umbigo. O mundo tem de ser como eles querem, pois sempre foi assim. Não se criou neles o senso dos valores, da dimensão social do comportamento, da fraternidade; estarão como sempre viveram, pensando que devem ganhar tudo e só eles têm direitos.
Esses filhos viveram um mundo irreal, que não existe fora, por isso têm dificuldades em se sociabilizar, se relacionar com as pessoas e com o mundo real fora da casa deles. Mas a vida é mestra, quando “desmamarem dos pais”, vão pagar e nós todos vamos pagar também o preço social dessas mordomias.
Na verdade as explicações só podem estar na incapacidade dos pais de educarem esses filhos nos valores básicos de uma vida digna e em sociedade. Não deram os valores porque não os possuíam. Isso até sem maldade, pois ninguém pode dar o que não tem.
Há pais que preferem dar de tudo para os filhos porque assim tranquilizam a própria consciência, face aos problemas que enfrentam no relacionamento marido/mulher e no lar. Não conseguiram criar um ambiente sadio e cheio de amor, então dão aos filhos o que eles pedem e mesmo o que não pedem. Assim, mais tarde, os filhos não poderão reclamar, pois tiveram de tudo.
Esses pais dão de tudo para os filhos, procurando compensar o que não tiveram. Se são frustrados por não saberem lidar com suas carências, não querem que os filhos passem por aquilo que passaram.
Aqueles pais que trabalham e se ausentam necessariamente do lar também dão de tudo para os filhos, para compensarem a ausência e a falta de convívio com eles.
Como seria melhor, embora custoso, se os pais tivessem o hábito de se sentarem com os filhos para mostrar-lhes os valores, a realidade da vida, introduzindo-os num processo educativo para perceberem que “nem tudo o que é lícito e possível é convenientemente necessário”.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
EDITORA SANTUÁRIO
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