segunda-feira, 6 de setembro de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Reavivar a chama da fé”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
46 ANOS SACERDOTE
A força da fé
 
Jesus tem expressões que nos assustam mas nos estimulam. Os apóstolos pedem: “Senhor aumenta nossa fé!” Jesus responde: “Se tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘arranca-te daqui e planta-te no mar’ e ele vos obedeceria” (Lc 17,6). O grão de mostarda é semente pequena, mas produz uma arbusto grande. Pedimos para ter uma fé forte e poderosa. Jesus responde que a força da fé não se mede com forças humanas e visíveis. Mas sua força está na sua origem que é Deus. Sendo Seu dom, por menor que seja, ela tem toda a força e vida de Deus. Assim podemos dizer às montanhas “arranca-te e lança-te ao mar”! A partir desta reflexão podemos entender o texto que segue sobre o empregado que deve obedecer ao que é mandado. É o normal. A ordem dada à montanha de lançar-se ao mar e ela obedecer é normal. Basta ter fé. Mais difícil que remover montanhas é converter nosso coração. E nós conseguimos fazê-lo. O profeta Habacuc comenta que “o justo viverá por sua fé” (Hab 2,4). Nós que vivemos a fé podemos realizar milagres maiores que este. Este texto São Paulo o aplica a Abraão e a nossa fé (Rm 3,28 e 4,3). Vemos que pessoas abandonam a fé cristã por um nada que tenha acontecido como se Deus fosse o culpado. Veja como se vive a fé: Deus prometeu a Abraão coisas impossíveis, exigiu o impossível. Abraão creu e recebeu a recompensa da fé. Teve uma descendência imensa (Hb 11,12). É preciso ser como Moisés que “permaneceu firme como se visse o invisível” (Hb 11,27). 
Brincando com fogo 
Paulo, na 2ª carta a Timóteo, escreve referindo-se ao dom que recebera: “Exorto-te a reavivar a chama do Dom de Deus que recebestes”. Este gesto de reavivar a chama, faz-nos lembrar a atitude de nossas avós e seus antepassados, desde sempre: ao terminar o dia, lembro-me de ter visto, a minha avó, a santa e querida Mãe Rita, cobrir as brasas com a cinza e no dia seguinte afastar as cinzas e soprar as brasas sob os gravetos e palhas para acender o fogo. É este gesto tão antigo e tão simbólico que Paulo usa para explicar como devemos fazer com o dom que recebemos. “Sopra as brasas”! Assim se reacende o fogo de nossa fé e dos demais dons que lhe dependem. Como descreve Habacuc, diante de toda a violência e desgraças é preciso a paciência da fé: “se demorar, espera, pois ela virá com certeza e não tardará” (Hab 2,3). Ninguém faz ninguém perder a fé. Podemos dizer que ninguém perde a fé se a tem, mesmo que a cubra com todas as cinzas da vida. Sopra que ele se reacende, pois é dom de Deus e está ligada a Ele. A gente até chega dizer que a pessoa não perdeu a fé, perdeu a vergonha. Ou perdeu a coragem de voltar a ser criança. 
Guarda o depósito da fé. 
Paulo insiste com Timóteo, o jovem fundador de Igrejas: “Guarda o precioso depósito da fé, com a ajuda do Espírito Santo que habita em nós”. Paulo lhe havia transmitido tantos conhecimentos sobre a fé e o amor a Jesus Cristo. Paulo está preso. Insiste que ele não se envergonhe de dar, com ousadia, testemunho de Jesus através de um espírito de fortaleza amor e sobriedade. Seguindo este caminho, soprando as brasas de nossa fé, podemos resistir aos embates que nos afligem. 
Leituras: Habacuc 1,2-3. 2,2-4; 
2Timóteo1,6-8.13-14;Lucas17,5-10 
Ficha: 1. A força da fé: A expressão de Jesus dizendo que se “tivéssemos uma fé pequena como um grão de mostarda, poderíamos dizer à montanha: ‘lança-te ao mar e ela obedeceria’”. Pedimos uma fé forte. Jesus comenta que a força da fé não está no tamanho, mas na vida que ela possui, pois a fé é um dom de Deus, tendo sua vida e sua força. A obediência da montanha é como a obediência de um empregado que fez o que devia. O justo vive da fé. Como Abraão, ele permanece confiante na promessa e caminha seguro mesmo em meio á dificuldades. 
2. Brincando com o fogo. Usando a imagem antiga de soprar as brasas, Paulo exorta Timóteo a reavivar e colocar em ação, o dom que Deus lhe dera. Assim reavivamos o dom da fé que ensina a ter a paciência do profeta ao qual Deus faz promessas, mas é preciso esperar, se ela demorar. “O justo viverá da fé”: é a fé que o sustenta. A fé é um dom permanente. Ninguém perde a fé, pode perder a vergonha e abafar a fé. Ela é um dom de Deus e está unida à vida de Deus. 
3. Guarda o depósito da fé: Paulo havia lhe transmitido com a fé bela quantidade de ensinamentos em matéria de fé e de amor que deveriam ser conservado através do testemunho de Jesus Cristo, sem timidez. A nós fica o convite de soprar as brasas de nossa fé e resistir aos embates que nos afligem.
Homilia do 27° Domingo do Tempo Comum
EM OUTUBRO DE 2004

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