Evangelho segundo São Mateus 8,23-27.
Naquele tempo, Jesus subiu para o barco e os discípulos acompanharam-n’O.
Entretanto, levantou-se no mar tão grande tormenta que as ondas cobriam o barco. Jesus dormia.
Aproximaram-se os discípulos e acordaram-no, dizendo: «Salva-nos, Senhor, que estamos perdidos».
Disse-lhes Jesus: «Porque temeis, homens de pouca fé?». Então levantou-Se, falou imperiosamente ao vento e ao mar e fez-se grande bonança.
Os homens ficaram admirados e disseram: «Quem é este homem, que até o vento e o mar Lhe obedecem?».
Tradução litúrgica da Bíblia
Santo Afonso-Maria de Ligório
(1696-1787)
Bispo, doutor da Igreja
Maneira de conversar com Deus
A Vós, Senhor, eu me confio!
Não desagrada a Deus que, por vezes, vos queixeis suavemente a Ele. Não temais dizer-Lhe: «Porque Vos retirastes para longe, Senhor? (cf Sl 9,22,LXX) Bem sabeis que Vos amo e que a nada mais aspiro que ao vosso amor. Por caridade, socorrei-me e não me abandoneis».
Se a desolação se prolongar e a vossa angústia se extremar, uni a vossa voz à de Jesus, desse Jesus que morre na cruz, e dizei, implorando a piedade divina: «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?» (Mt 27,46). Mas aproveitai esta prova, primeiro para mais vos abaixardes, sabendo que quem ofendeu a Deus não merece consolações; e depois, para avivar ainda mais a vossa confiança, recordai que Deus tem sempre em vista o vosso bem em tudo quanto faz ou permite, e que, por isso, todas as coisas cooperam para o bem (cf Rom 8,28) da vossa alma. Quanto mais vos sentirdes esmagado pela dor e o desânimo, mais deveis armar-vos de grande coragem e exclamar: «O Senhor é a minha luz e a minha salvação, a quem temerei?» (Sl 26,1). Sim, Senhor, sois Vós que me iluminais e sereis Vós a salvar-me; confio-me a Vós, «em Vós deposito a minha esperança, não serei confundido para sempre» (Sl 30,2,LXX).
Deste modo, estabelecei-vos na paz, ciente de que «ninguém esperou no Senhor e foi confundido» (Si 2,11,Vulg), ninguém se perdeu depois de ter depositado a sua confiança em Deus.