sábado, 16 de março de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Maravilhas fez o Senhor”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA-REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
Eterna é sua misericórdia 
Vivendo o Tempo Pascal, nesse segundo domingo, estamos no coração do Mistério de Cristo que é a expressão de misericórdia de Deus. Sem merecermos, Deus nos redimiu usando de misericórdia conosco. Temos que tomar cuidado com o tema de misericórdia, pois podemos nos perder no devocionismo ou no sentimentalismo. Misericórdia não é sinônimo de dó e coração mole que vendo o sofrimento dos outros e não faz nada. Deus, ao contrário, quando ainda éramos pecadores, usou de misericórdia para conosco (Rm 5,8-9) e enviou seu Filho. Não só se encarnou, deu sua vida e ressuscitou por nós, mas ainda nos deu seu Espírito. Mesmo glorioso, não deixa de estar no meio de nós continuando sua obra e levando-nos a continuar sua missão. Estamos vivendo o Ano Santo da Misericórdia. O sentido desse Ano não é somente para receber graças e conseguir um perdão geral de nossos pecados, mas sermos nós os continuadores dessa misericórdia. A missão é criar um mundo (em volta de nós) que se estruture na obra de reconciliação na qual todos tenham vida, lugar, condições, futuro e paz. Por isso Jesus insiste duas vezes nas palavras da saudação hebraica: A paz esteja convoco. Paz é o Shalom de Deus no qual estão todos os bens temporais e espirituais. Conciliação não é só fazer uma confissão para pegar “ticket” para a comunhão, mas ser transformador do mundo. Sozinhos, achamos que não fazemos nada, mas juntos, como comunidade, podemos muito. Uma formiga sozinha pouco faz, mas se estão juntas, removem montanhas. A força dos fracos está no Espírito.
Misericórdia vivida na comunidade. 
Lucas escreve nos Atos dos Apóstolos que “crescia o número dos que aderiam ao Senhor pela fé; era uma multidão de homens e mulheres... eram estimados pelo povo” (At 5,14). Jesus manifesta-se aos discípulos reunidos e os instrui sobre sua missão: O Espírito é dado para a reconciliação, a fé não é tocar, mas crer; o anúncio é para que creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e crendo tenham a vida em seu nome. Por causa da Palavra de Deus e do testemunho que dava sobre Jesus, João foi exilado para a ilha de Patmos. Os que creram em Jesus logo experimentam a força da perseguição. A comunidade é o lugar da presença de Jesus, por isso a misericórdia é exercida através dos discípulos como testemunho e anúncio. A força de Jesus estava neles, pois, de todos os lados transportavam os doentes em camas e macas, a fim de que, quando Pedro passasse, pelo menos sua sombra tocasse neles (At 5,15). Vemos a passagem da presença transformadora de Jesus para os apóstolos. 
A misericórdia age em nós 
Na celebração pascal, não somente lembramos um fato e fazemos memória dele, vivendo sua presença atuante entre nós, como o levamos para a vida como estímulo ao crescimento da fé. Por isso rezamos na coleta da missa: “Ó Deus de eterna misericórdia, que reascendeis a fé do vosso povo na renovação da festa pascal, aumentai a graça que nos destes. E fazei que compreendamos melhor o batismo que nos lavou, o espírito que nos deu nova vida e o sangue que nos remiu”. A Páscoa tem a finalidade de fortalecer a fé para maior compreensão da vida cristã que nos veio através do batismo e se fortalece na força do Espírito e na Eucaristia. A Páscoa não é uma celebração que se esgota no momento do rito eucarístico. Ela está presente em todos os sacramentos e na vida cristã do dia a dia. Onde existe amor, ali acontece a Ressurreição.

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