O terceiro
domingo do Advento tem uma nota de grande alegria como vemos na antífona de
entrada da liturgia: “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo:
alegrai-vos! O Senhor está perto!” (Fl 4,4-5). O tema retorna
na epístola aos Tessalonicenses: “Estai sempre alegres” (1Ts
1,16).
O salmo responsorial retoma o pensamento: “Minha alma engrandece o Senhor e se
alegrou o meu Espírito em Deus meu Salvador” (Lc
1,46-47).
É a alegria da Salvação que recebemos e celebramos com intenso júbilo na solene
liturgia (oração). Por isso chamamos este domingo
de “Gaudete”, que se traduz “alegrai-vos”. É o momento de levantar os olhos e
ver os primeiros raios do sol que colore o céu para nos trazer o dia. Cristo é
o Sol que se levanta no Natal. Por isso nos alegramos com o anúncio de sua
vinda. Ele é ungido pelo Espírito Santo, como profetiza Isaias: “O Espírito do
Senhor está sobre mim, por que o Senhor me ungiu; enviou-me para dar a boa nova
aos humildes, curar as feridas da alma, pregar a redenção para os cativos e a
liberdade para os que estão presos, para proclamar o ano da graça do Senhor”. O
profeta diz: “Exulto de alegria no Senhor e minha alma se regozija em Deus”. E
o motivo: “Porque me revestiu com as vestes de salvação” (Is
61,1-2.10).
A grande alegria que Isaias e João sentem é colaborar com o Espírito para levar
a boa nova aos pobres e curar-lhes todas as feridas e proclamar o ano da graça
do Senhor, isto é, o grande jubileu no qual Deus derrama sua total
misericórdia. Isaias dá o programa de Jesus, como anunciou na sinagoga de
Nazaré (Lc 4,16-22). Este é o
programa da vida cristã. Sem ele não entendemos Jesus nem sua missão.
Eu não sou o
Messias
João entra na
missão do Messias, que quer dizer o Cristo, “como testemunha para dar
testemunho da luz” (Jo 1,7). As perguntas que os enviados
dos Sumos Sacerdotes fizeram a João respondem também, às questões levantadas
pelas comunidades cristãs nas quais alguns pensavam que João era o Messias. Por
que as três perguntas? Havia profecias sobre três personagens: O Messias, Elias
e o Profeta. O Messias reunia em si todas as esperanças do povo. A figura de
João poderia ser a resposta a essa esperança. Por que perguntam se ele é Elias?
O profeta Malaquias 3,23 profetiza: Eis que vos enviarei Elias, o profeta,
antes que chegue o dia de Javé... Ele fará voltar o coração dos pais para os filhos”
.... Jesus trata desta questão em Mt 17,13. O Profeta, não um dos profetas. No
livro do Deuteronômio, Moisés dissera que Deus iria enviar um profeta como ele.
A ele deveriam escutar (Dt 18,15). E João diz de
si, conforme a Escritura: “Eu sou a voz que grita no deserto: ‘aplainai o
caminho do Senhor’” (Jo 1,23). Assim fica
clara a posição de João na Salvação. Tem consciência que sua missão é preparar
o caminho e deixar passar à frente Aquele que vem. Ele se põe abaixo de
escravo, pois não é digno de desatar a correia da sandália.
O Senhor vos
santifique
Ser santificado
é reconhecer as grandezas de Deus que age em nós, como o fez em Maria. É não
apagar o Espírito e deixá-lo agir na comunidade. A celebração é o momento de
santificação tanto de Deus, “santificado seja vosso nome”, como reconhecer a
ação santificadora de Deus em nós. A liturgia molda nossa espiritualidade na
escuta da Palavra, na participação do sacramento e na fraternidade. Por isso a
alegria interior é dominante. O cristão católico é um fiel sorridente, sempre
deixando se expandir a santidade que Deus lhe dá. Ele vê longe e se alegra com
os primeiros raios do Cristo Sol.
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