Sabemos que a Palavra de
Deus foi escrita sob a inspiração do Espírito Santo. Entrar em contato com essa
Palavra não é ler um livro, mas estar aberto a ouvir o Deus que fala. Seja quem
for que a leia, ouve Deus falar. Temos que ter sempre em mente que não se trata
de um contato com textos, mas, com a comunicação de Deus. Este Pai é o início e
a origem da Palavra. A força da Palavra não se reduz ao texto, mas é mesma
palavra criadora, como nos diz o salmo 33,6: “Por sua Palavra foram afeitos os
céus, pelo sopro de sua boca todas as estrelas”. A Palavra se identifica com Aquele
que a pronuncia. Por isso ela é divina e traz em si o dinamismo e a força
Daquele que a pronunciou. A Palavra é criadora, salvadora e fortalecimento.
Continua nela a vontade de vida que o Pai colocou no universo; continua ouvindo
os clamores dos sofredores, como lemos no livro do Êxodo, na libertação do
povo; Ouve os gritos dos humildes humilhados (Is 19,20). O contato com a Palavra é o contato com Aquele que
a pronunciou. Essa Palavra está presente em nossas celebrações ensinando ver
ali a continuada salvação que nos oferece e da qual participamos. Cada
celebração é um momento histórico da intervenção redentora de Deus em Cristo.
Deus continua agindo. O texto lido proclama essa presença. É uma Palavra sempre
nova, pois sempre novo é Aquele que a comunica.
1188. O Filho enviado do Pai
Como é próprio de Deus se comunicar,
o Pai, para levar-nos à comunhão, envia o Filho, a Palavra eterna (Logos), que se faz carne (Jo, 1,14). Fazer-se carne é ser realidade humana completa, em
comunicação. “Deus fonte da revelação manifesta-Se como Pai e leva à perfeição
a educação divina do homem” (VD 20).
Deus, na história da salvação, realizara essa educação através dos profetas e
maravilhas na criação e na história do seu povo. A revelação de Deus não é só
para um povo particular, mas para todos os povos. Por meios diferentes Deus
educara todos os povos, fazendo do Seu povo, o missionário. Jesus abriu a todos
os povos as alianças e as promessas de Deus. Para que essa comunicação da
Palavra penetrasse os corações, Jesus oferece o Espírito Santo (Jo 14,16). Toda a comunicação que Deus faz, só penetra em
nosso entendimento e é levada adiante como ação de vida, pela atuação do
Espírito Santo “que guiará à verdade total” (Jo 16,13). O documento do Papa continua insistindo na
fidelidade de Deus: “Deste modo todas as promessas de Deus se tornam “sim” em Jesus
Cristo” (2 Cor 1,20). Ele é
a garantia. “Abre-se assim para o homem, a possibilidade de percorrer o caminho
que conduz ao Pai” (VD 20).
1189. O Silêncio de Deus
Há,
na comunicação de Deus, tempos que causam muita dificuldade para muita gente
que se diz e se sente fiel: o silêncio de Deus, como se Ele desaparecesse. Há
momentos em que tudo se torna escuro. É uma noite da alma. Jesus passou por
isso, como vemos em sua queixa na cruz: “Meu Deus, por que me abandonastes” (Mc 15,34). Jesus mesmo
responde: “Pai, em tuas mãos, entrego meu Espírito” (Lc 23,46). Só a obediência é
capaz de suportar este momento, como fizeram os santos. O silêncio de Deus é
também uma palavra forte. Viver a pura fé de acolhimento sem exigir sentimentos
e recompensas é o modo mais certo de garantir a certeza de nossa fé. Deus não
me ouve, mas continuo amando e acreditando do mesmo modo. Vemos agir em nós o Espírito Santo.
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