A Igreja católica sempre rezou pelos mortos. Os primeiros testemunhos
estão nas catacumbas. Estas eram cemitérios subterrâneos. Há mais de 60
catacumbas em Roma com milhares de túmulos. Eram cavados na parede e, na lápide
que o fechava, tinha inscrições e símbolos. As celebrações dos mortos, sempre
foram muito queridas em toda a história da humanidade. Todos os povos criaram
seus ritos e monumentos que significavam sua fé na continuação da vida da
pessoa. Se nada mais existe, não há o que celebrar. A doutrina católica crê na
ressurreição e na possibilidade e no poder da oração pelos mortos. Outros
pensam diferente, mas temos nossa doutrina
que vem desde os inícios do cristianismo. Não temos satisfação a dar a respeito
de nossa fé. Podemos dar razões. A fé cristã é coerente com seus princípios
fundamentais. A Santa Tradição, fundada da Escritura, como lemos no 2º Livros
dos Macabeus 12,43-46,
atesta a fé do povo judeu e dos cristãos: Numa batalha perdida Judas Macabeu
viu amuletos pagãos nas vestes dos soldados mortos. Atribuiu a isso a causa de
sua morte. Fez uma coleta e enviou a Jerusalém para que se oferecesse um
sacrifício pelo pecado. Lemos ali: “Ação justa e nobre, inspirada na sua crença
na ressurreição... santo e piedoso pensamento, este de orar pelos mortos. Por
isso ele ofereceu um sacrifício expiatório pelos defuntos, para que fossem
livres dos seus pecados” (2Mc
12.43-46). Por isso em todas as missas temos oração pelos mortos celebramos
a liturgia. A Eucaristia é um sacrifício reparador dos pecados, pois nela
recebemos a salvação.
1802.Para que rezamos
Os
cristãos deram aos ritos um sentido novo de respeito ao corpo na fé. Esse modo
de agir é um testemunho claro da fé na ressurreição. A liturgia do dia de
Finados é muito rica e variada. Há diversos esquemas de celebração. Nesse ano a
liturgia ensina-nos que Jesus recebeu do Pai uma missão: “A vontade do Pai é
que Eu não perca nenhuma daqueles que Ele me deu, mas os ressuscite no último
dia” (Jo 6,39).
Quem crê no Filho tem a vida eterna. Por que essa preocupação do Pai para
conosco? Porque somos seus filhos amados, como nos escreve S. João (1Jo 3,1). E na
Ressurreição seremos semelhantes a Ele, permanecendo para sempre. Será que não
vai ter um cuidado especial conosco, mesmo depois que morrermos? Rezamos na
oração da missa: “Concedei a vossos filhos e filhas superar a mortalidade desta
vida e contemplar eternamente a vós, Criador e Redentor de todos”. Na oração
pós-comunhão rezamos: “Derramai vossa misericórdia sobre vossos filhos e filhas
falecidos. E aos que destes a graça do batismo, concedei-lhe a plenitude da
vida eterna”. Na oração das oferendas: “colhei, ó Deus a nossa oferenda em
favor de todos os que adormeceram no Cristo, para que, por este sacrifício,
livres dos laços da morte, obtenham a vida eterna”. Pedimos sua purificação
pois são filhos amados de Deus (1Jo 3,1). E Jesus não quer perder nenhuma das ovelhas do Pai,
pois essa é sua missão.
1803.Um
grande banquete
O Profeta Isaías explica a vida futura como um grande
banquete preparado para todos depois da morte. Não vamos perder. Nosso sonho é
contemplar a face de Deus para sempre. Podemos sentir saudades e até remorsos
do mal que fizemos à pessoa que recordamos. Podemos, contudo, como Corpo de
Cristo, rezar como meio de estar unidos aos falecidos e ajudar na sua
purificação. S. Mônica, mãe de Santo Agostinho, em seus últimos momentos pediu:
“Só vos peço que vos lembreis de mim no altar de
Deus, onde quer que estiverdes”. Já era consciência do povo no poder
purificador dos pecados dos falecidos. É bom não perder, um dia rezarão por
nós.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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