Evangelho segundo S. Lucas 17,1-6.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «É inevitável que haja escândalos; mas
ai daquele que os provoca. Melhor seria para ele que lhe atassem ao pescoço
uma mó de moinho e o atirassem ao mar, do que ser ocasião de pecado para um só
destes pequeninos. Tende cuidado. Se teu irmão cometer uma ofensa,
repreende-o, e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se te ofender sete vezes
num dia e sete vezes vier ter contigo e te disser: ‘Estou arrependido’, tu lhe
perdoarás». Os Apóstolos disseram ao Senhor: «Aumenta a nossa fé». O
Senhor respondeu: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta
amoreira: ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’, e ela vos obedeceria».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Agostinho (354-430), bispo de
Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Discursos sobre os Salmos, Sl
60,9; CCL 39,771
Pedir perdão e perdoar aos outros
«Todos os caminhos do Senhor são graça e
verdade para os que guardam a sua aliança e os seus preceitos» (Sl 24,10). O que
este salmo diz acerca do amor e da verdade é da maior importância. […] Fala do
amor, porque Deus não olha aos nossos méritos, mas à sua bondade, a fim de nos
perdoar os nossos pecados e de nos prometer a vida eterna. E fala igualmente da
verdade, porque Deus nunca falta às suas promessas. Reconheçamos este modelo
divino e imitemos a Deus, que nos manifestou o seu amor e a sua verdade. […] Tal
como Ele, realizemos neste mundo obras cheias de amor e de verdade. Sejamos bons
para com os fracos, os pobres, e mesmo para com os nossos inimigos.
Vivamos na verdade evitando fazer o mal. Não multipliquemos pecados,
porque aquele que presume da bondade de Deus está a permitir que nele se
introduza a vontade de tornar Deus injusto. Imagina esse que, mesmo que se
obstine nos seus pecados e se recuse a arrepender-se deles, Deus lhe há de
conceder um lugar entre os seus fiéis servidores. Mas seria justo Deus
colocar-te no mesmo lugar que aqueles que renunciaram aos seus pecados, quando
tu perseveras nos teus? […] Porque pretendes, então, dobrá-lo à tua vontade? Sê
tu a submeter-te à sua.
A este propósito diz justamente o salmista:
«Quem procurará a misericórdia e a verdade do Senhor junto dele?» (Sl 60,8). […]
E por que dirá «junto dele»? Porque são muitos os que procuram instruir-se
acerca do amor do Senhor e da sua verdade nos livros sagrados. Porém, uma vez aí
chegados, vivem para si próprios e não para Ele. Procuram os seus próprios
interesses, e não os interesses de Jesus Cristo. Apregoam o amor e a verdade,
mas não os praticam. Já aquele que ama a Deus e a Cristo, quando prega a verdade
e o amor divinos, é para Deus que os procura, e não no seu próprio interesse.
Não prega para daí retirar vantagens materiais, mas para o bem dos membros de
Cristo, ou seja, dos seus fiéis. Distribui-lhes aquilo que aprendeu em espírito
de verdade, de tal maneira que «os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas
para Aquele que por eles morreu e ressuscitou» (2Cor 5,15). «Quem procurará a
misericórdia e a verdade do Senhor?»
Nenhum comentário:
Postar um comentário