domingo, 7 de fevereiro de 2016

Homilia do 5º Domingo Comum (07.02.17) “Na missão de Jesus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Serás pescador de homens
            Jesus iniciou sua missão na sinagoga de Nazaré conduzido pelo Espírito: “O Espírito do Senhor está sobre mim” (Lc 4,18). Após essa solene introdução, dá o testemunho através do anúncio da Palavra de Deus e das curas mostrando como será a missão dos discípulos. É o momento de começar a buscar discípulos. Jesus pregara ao povo falando de uma barca, a de Pedro. A seguir manda que lancem as redes em lugar mais profundo. Temos o diálogo de Jesus com Pedro, experiente na pesca que Lhe diz haviam pelejado a noite toda sem sucesso. Temos a cena da pesca na qual a multidão é agora simbolizada pela abundância de peixes que pescaram.  A transformação do trabalho dos discípulos que agora dá grandioso resultado não vem de sua perícia que já não dera fruto, mas sim da Palavra. Mediante a palavra de Jesus também será abundante o fruto da missão dos discípulos. A força da Palavra está na obediência à palavra de Jesus: “Em atenção à tua palavra, vou lançar as redes” (Lc 5,5). É um ato de fé feito pela fragilidade do homem que já fracassou. Lemos junto a esse texto a vocação de Isaias que se sente frágil diante de Deus, mas depois de ser tocado pelo brasa do altar, se entrega ao anúncio: “Aqui estou, enviai-me” (Is 6,8). A força de entrega do profeta vem de seu contato com a grandeza de Deus. Estamos diante da força do Senhor que se revela e a fragilidade do homem que acolhe como lemos em Isaias e nos discípulos que ficaram assustados depois de pesca milagrosa. Pedro diz: “Afasta-te de mim, pois sou um homem pecador” (Lc 5,8). Foi a mesma experiência de Paulo que se considerava indigno das aparições do Senhor: “Por último apareceu também a mim como  um abortivo” (1Cor 15,8).
Laçar nas águas profundas.
            O lago é símbolo do mundo e a barca é Igreja de onde é proclamada a Palavra. Temos em que é necessária ousadia. É o que não estamos tendo. O que está faltando para que a Igreja tenha vigor de pregação? Vemos Papa Francisco acolhido de modo fascinante. Primeiro é preciso essa experiência da força de Jesus que muda nosso coração. Somente Jesus pode nos lançar para águas mais profundas. Está faltando ousadia na vida da Igreja. O que fazemos de novo para a vida do mundo? Sempre a mesma coisa. Não há envolvimento com a Palavra. Por isso temos que ter absoluta certeza que a obra missionária vem de uma experiência de Deus que dá força. O estupor da experiência abre ao conhecimento de nossa fragilidade e ao mesmo tempo à capacidade de nos lançarmos a águas mais profundas. Nem todos farão a mesma coisa. É preciso que se faça alguma coisa. É preciso arriscar. Muito cuidado não é mais que cuidado de si mesmo.
Não temer
“Afasta-te de mim, pois sou um homem pecador. É que o espanto se apoderara de Simão e de todos os seus companheiros por causa da pesca que acabavam de fazer” (Lc 5,8-9).. Jesus disse: “Não tenham medo! De hoje em diante tu serás pescador de homens” (10). Deixaram tudo e seguiram Jesus. Todo encontro com Deus nas situações difíceis em que nos encontramos sempre nos dá medo. É fruto de nossa fragilidade. Ela é o terreno fértil para o convite a seguir Jesus de modo particular. Paulo insiste que é apóstolo pela graça de Deus (Rm 1,1). Seu ensinamento provém de uma experiência de Jesus e também da comunidade porque ensina conforme a tradição (1ªCor 15,3). A comunidade celebrativa é um momento dessa experiência e do envio ao anúncio.
Leituras: Isaias 6,1-2.3-8;Salmo 137;1ª Coríntios 15,3-8.11;Lucas 5,1-11

1.   Jesus, depois de apresentar sua missão de anúncio e cura, convoca os primeiros discípulos. Usa a pesca abundante para mostrar que, em sua palavra, poderão fazer uma pesca de pessoas, como fizeram dos peixes. É a experiência de Isaias que é tocado pela brasa do altar. A fragilidade humana não diminui a força da palavra de Jesus.

2.  O lago é símbolo do mundo e a barca é a Igreja de onde é proclamada a Palavra. É preciso ousadia. O anúncio da Palavra perdeu o vigor.  A ousadia virá do reconhecimento da própria fragilidade e da experiência de Deus.

3.  A experiência de Deus nos dá medo. Diante da exigência do anúncio e de nossa fragilidade sempre temos medo. Jesus continua oferecendo a participação em seu ministério de anúncio. Essa experiência, a fazemos na comunidade celebrativa. Ela nos envia em missão. 

                        Foi pescar e sai fisgado

            Depois de manifestar em Nazaré sua missão e ter sido recusado, Jesus começa a escolher seus discípulos.  Ele já estava pregando ao povo e fazendo as curas. Estando à margem do lago de Genezaré, entra na barca de Pedro e dela ensina o povo.
           
Depois manda que levem a barca para um lugar mais fundo e joguem as redes para a pesca. Pedro, que trabalhara deu a resposta: “Trabalhamos a noite toda e nada pegamos. Mas em atenção à tua palavra, vou lançar a rede”. Temos duas situações: o trabalho infrutífero do homem e a fé na palavra de Jesus. Lançam a rede e pegam grande quantidade de peixes.

            Esse momento explica a missão de Jesus. Não é somente a sabedoria humana que vai realizar a missão de Jesus e ter resultados. É a força de sua palavra. Entramos agora no chamado: “De hoje em diante vocês vão ser pescadores de homens”. O lago profundo é o mundo, a barca é a Igreja da qual anunciam e a força da palavra está em Jesus.


            O que anunciar? Paulo diz que é Jesus em seu mistério de morte e ressurreição. Esse contato com Jesus é descrito de modo solene pelo profeta Isaias (Is 6,1-8): Tem uma visão da grandiosidade de Deus. O profeta sente-se frágil e pecador, de lábios impuros. Um Serafim tira uma brasa do altar e toca os lábios do profeta. Para anunciar Jesus é necessário ser tocado por Ele e por sua palavra. Então o profeta se entrega à missão com todo vigor. Assim fizeram os discípulos. Assim faremos nós, tocados por Jesus.

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