PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR |
1486.
Deus envia
“Assim como o Pai me enviou, também Eu
vos envio. Recebei o Espírito Santo!” (Jo 20,21). A missão da
Igreja continua a missão de Cristo com todo o poder que o Pai Lhe deu. Jesus
enviou os discípulos que levaram o Evangelho a todos os cantos da terra. A
missão continua. Com o Papa Francisco estamos sendo sacudidos para continuar
esse modo de agir do Pai. Desde o Antigo Testamento contemplamos Deus enviando.
Enviou Abraão quando lhe diz: “Deixa o
teu país, tua parentela e a casa de teu pai e vai para o país que te mostrarei”
(Gn
12,1).
Lemos no livro do Êxodo que Moisés ouviu a chamada “Vai! Eu te envio” (Ex
3,10).
Disse aos profetas, como a Ezequiel: “Filho do homem, Eu te envio aos filhos de
Israel” (Ez 2,3); Como a Jeremias: “Irás onde eu
te enviar” (Jr 1,7). O Papa evoca uma palavra
diferente para esse movimento. Emprega o termo “saído” – uma Igreja em saída. O
movimento de condução e orientação do povo parte sempre de um enviado de Deus.
Agora somos estimulados a uma nova saída missionária. Depois de anos sentados
no “berço esplêndido” da cristandade, chegamos a um ateísmo absurdo no primeiro
mundo, um crescimento de seitas cristãs ou outras fontes, um cristianismo
acomodado ou até pervertido por ideologias e indiferentismo de fé e moral. No
século XIX houve um grande movimento missionário que continuou no século XX.
Era para a evangelização dos povos novos
para a Igreja. O vigor missionário se enfraquece também a título de respeito a
outras culturas. Mas os povos não são um museu que atiça a curiosidade
turística. Eles têm o direito de ouvir o anúncio evangélico. A evangelização
será coerente se respeitar as culturas, como o fez Jesus. Não se pode impor uma
cultura, mas levar o Evangelho.
1487.
Alegria de partir
Quando temos que partir para longe e
viver em situações difíceis, há sempre o medo do diferente. Por outro lado há
uma alegria de perceber o quanto nos enche o coração doar a vida, acolher a
novidade como um dom, enriquecer-se com as outras culturas. Mesmo em situações
difíceis, é melhor que ficar acomodado. É uma aventura espiritual que se une a
tantas descobertas humanas. Quem vai a uma missão não retorna empobrecido e
sim, enriquecido humana e espiritualmente. Os discípulos voltaram cheios de
alegria da missão que realizaram (Lc 10,17). A alegria não
é uma satisfação humana somente, mas espiritual, pois o Espírito nos faz
perceber evangelho frutificar (EG,21). O próprio Jesus tem um momento de forte
manifestação espiritual: “Naquele momento Jesus exultou de alegria sob a ação
do Espírito Santo e disse: ‘Eu Te louvo, ó Pai... porque ocultastes estas coisas
aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos”’ (Lc
10,21).
As sementes do Evangelho não dependem só de nós e de nossa sabedoria. A Palavra
possui uma potencialidade que não podemos prever. Não estão em jogo somente
nossas forças e sabedoria.
1488.
Alegria aberta a todos.
O Papa insiste nessa saída
missionária: “Fiel ao modelo do Mestre, é vital que hoje a Igreja saia para
anunciar o Evento a todos, em todos os lugares e, em todas as ocasiões, sem
demora, sem repugnâncias e sem medo. A alegria é para todo povo. Ninguém pode
ficar excluído” (EG 23). Temos uma Igreja dos centros. As
periferias ficam abandonadas, vítimas de aproveitadores. As celebrações bonitas
são feitas só nas catedrais e matrizes aonde o povo não vai. Não se deve
abandonar o centro, mas levar o centro a sustentar as periferias e lugares
abandonados. Nossos “bons cristãos” dos centros não se fazem missionários. Por
isso essas comunidades também enfraquecem.
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