quarta-feira, 6 de setembro de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Apareceu a Glória do Senhor”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
A luz é para todos
 
A celebração do Natal, melhor dizendo, da Manifestação do Senhor, é mais ampla que a noite de seu nascimento. Os quatro momentos da Manifestação envolvem o Nascimento em Belém, no qual se manifesta em nossa carne aos humildes pastores; Na Epifania é Ele apresentado a todos os povos através dos Magos; No Batismo é mostrado aos judeus; E, no quarto momento, João Batista O indica aos discípulos que o seguem. O mistério da Manifestação é o grande Mistério Pascal de Cristo, vivido a partir de sua vida na Carne. Na Epifania, festa principal no Oriente Cristão, celebramos a revelação a todos os povos. Paulo nos ensina que as gerações passadas não conheceram este mistério. Agora foi revelado que “os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo” (Ef. 3,6). No Antigo Testamento temos profecias sobre esta verdade. Deus disse a Abraão que nele seriam abençoadas todas as famílias da terra (Gn 12,3). Os profetas, de modo particular Isaías, proclamaram que virão povos de longe para adorar o Senhor (Is 60,6). Essa profecia se concretiza na visita dos Magos a Jesus conforme escreve Mateus. Não podemos ficar lidando só com a figura simpática dos Magos, saber a origem e os nomes, mas irmos ao sentido do Mistério da Manifestação (Epifania) do Senhor. Mateus, escrevendo aos judeus, diz que é “segundo as Escrituras” a aparição da estrela (Nm 24,17) e que Ele é o próprio Messias Rei (Mq 5,2), ao qual se oferecem dons (Is 60,6; Mt 2,11). Jerusalém simboliza a Igreja que apresenta Jesus, a Estrela, a todos os povos. Ela é a servidora, como Maria que apresenta o Filho. 
Virão adorar-vos, Senhor! 
Mateus, usa um catecismo muito simples e ao mesmo tempo profundo. É um teólogo catequista. Sua comunidade de judeus convertidos questionava o que se dizia sobre a missão universal de Jesus. Por isso Mateus prova “Conforme as Escrituras”. Mateus tem como referência a Ressurreição de Cristo na qual foi constituído Senhor que atrai todos e é Guia dos povos. Ele é a luz (estrela), a mesma que brilha na Ressurreição. Ressalta a Divindade de Cristo e sua Humanidade, simbolizada nos presentes que oferecem os Magos. O ouro lembra a realeza; o incenso mostra a divindade; e a mirra refere-se ao homem das dores. Cristo é o Homem Deus. Ele é o Deus conosco, Emanuel. Os Magos dizem: “Onde está o Rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos sua estrela no Oriente e vimos adorar” (Mt 2,2). Eles são testemunhas da fé dos povos em Cristo. Sua “alegria muito grande” (10) é a mesma das mulheres na Ressurreição de Jesus. 
A esperteza do mal 
Herodes é um símbolo muito forte do mal que ameaça Jesus. O Menino é vítima de sua maldade. Usou de falsidade ao querer usar os bons Magos que eram mais espertos. Ele simboliza o mesmo perseguidor do povo ainda criança no Egito. Esse mal permanece vivo no mundo. Para vencê-lo somos convidados a usar a sabedoria dos Magos, expressa hoje também nas simpáticas expressões populares da fé. De casa em casa, cantando o nascimento de Jesus, semeiam a fé nascida em seus corações de modo popular confirmando o salmo 71: “As nações de toda a terra, hão de adorar-vos, Senhor!”. 
Leituras: Isaias 60,1-6; Salmo 71; 
Efésios 3,2-3a.5-6; Mateus 2,1-12. 
1. A Manifestação do Senhor envolve quatro momentos: Natal, Magos, Batismo e apresentação de João. É o Mistério Pascal visto a partir de sua vinda na carne. Jesus é apresentado, na Epifania, aos pagãos. Este mistério ficou oculto aos antigos, mas já estava presente nas profecias que se concretizam nos Magos. 
2. Os cristãos judeus da comunidade de Mateus não aceitavam que Jesus era para todos os povos. Por isso ele mostra que é de acordo com as Escrituras. Ele é a mesma luz da Ressurreição. Ouro, incenso e mirra, simbolizam o Rei, Deus e o Homem das Dores. A alegria dos Magos é a mesma das mulheres na Ressurreição. 
3. Herodes simboliza o mal que quer destruir o Menino, como fizera o Faraó com o povo judeu (criança ainda) no Egito. A figura dos Magos lembra a esperteza da fé que sabe mostrar outros caminhos. As manifestações populares semeiam a fé no meio do povo, pois as nações de toda a terra hão e adorar o Senhor 
Só cara de bobo. 
Quem pode ver uma Folia de Reis pode entender como se educava a fé do povo com um jeito bem popular. A festa dos Santos Reis é a celebração da Manifestação de Jesus a todos os povos. S. Paulo disse que os antigos judeus não pensavam que Jesus Messias era para todos os povos. São Mateus diz que não está inventando, pois as Escrituras ensinavam sobre Jesus. Falavam da Estrela, dos Magos do Oriente, do Nascimento em Belém, de um Rei Messias. Deus disse a Abraão que nele seriam abençoadas todas as famílias da terra (Gn 12,3). Não podemos pensar só em três simpáticos Reis Magos, mas na salvação a todos. É uma missão nossa anunciar, como fazem as Folias de Reis que semeiam a Palavra de Deus. Herodes era mau como o Faraó que queria acabar com o povo de Deus. Os Magos foram mais espertos do que Herodes. Jesus continua sendo a luz para todos os povos. 
Homilia da Epifania do Senhor (02.01.2011)

Nenhum comentário:

Postar um comentário